(EINE KAKERLAKE!…
A COCKROACH!…
UN CAFARD!…
UNA CUCARACHA!…
UMA BARATA!)
Este artigo não é meu! É do meu irmão Francisco (Chico Viegas), que talvez muitos de vocês conheçam, mas está tão bem escrito que até parece ter saído da pluma de algum jornalista, linguista ou escritor, e não de um engenheiro eletrônico como ele!
“Ufa! Enfim entrei em algum sincronismo com a expressão que aquele ser humano
emitia em um som extremamente agudo e potente enquanto dirigia seu olhar
esbugalhado, injustamente atemorizado, na minha direção. Aquele ente tão querido
que, em uma outra de nossas muitas existências, já havia brotado do meu ventre
aquele ente querido que, dentre tantos, eu tanto havia desejado e ardorosamente
procurado encontrar de novo em alguma nova vida, estava agora ali, estarrecido,
bem na minha frente. Parei e esfreguei nervosamente as antenas, buscando
assegurar-me de que aquilo era de fato verdadeiro, atitude esta que pareceu aguçar
ainda mais o “temor” daquela pobre humana que estava mesmo bem ali, tão
atemorizada, naquela forma humana “feminina”, tão distinta daquela que eu assumi
na minha presente reencarnação. Eu, que tanto sonhara encontrar de novo aquele
ente tão querido, desejava impulsivamente, com todas as forças do meu ser, uma
aproximação ainda maior, enquanto “ela” tentava, a todo custo, afastar de si aquela
figura que se lhe apresentava com a aparência tão notadamente repulsiva com que eu
havia desta vez reencarnado.
Usando das novas habilidades disponíveis em meu novo corpo e embriagada pela
enorme alegria do tão esperado reencontro, o que me impedia de compreender a tão
grande repulsa demonstrada a esta forma de vida tão inofensiva que era a minha
atual e, cumprindo um irrefreável imenso desejo de “abraçar” aquele ente tão querido,
(resquício, talvez, de alguma vida humana anterior) voei, literalmente, ao seu
encontro, enquanto remotamente percebia aumentar a sua já enorme, incontrolável
repulsa, expressada agora sob a forma de um som ainda mais agudo e ensurdecedor:
“UMA BARATA VOADORA!” emitido em quase desespero enquanto “ela” se debatia
em gestos desengonçados, acentuando ainda mais os ridículos estabanados trejeitos
da sua apavorada forma “humana” atual, cujo “complexo” funcionamento absorvia
todo o seu discernimento e ocupava toda a sua consciência, obliterando por completo
os sentidos e lembranças de suas passadas existências. Enclausurada assim naquela
forma de vida aprisionante, incapaz de reconhecer resquícios de vidas passadas, “ela”
estendeu semi inconscientemente a extremidade de um dos seus “membros
superiores” para um objeto que seu agoniado cérebro humano catalogara como
“chinelo”, e, num desesperado impulso, desferiu com ele um furioso golpe que –
PLAFT – esmagou completamente o meu pequeno inofensivo novo corpo espalhando-lhe
as vísceras contra a superfície em que eu pousara ao interromper
temporariamente o meu desastrado voo, tornando com esse certeiro golpe meu novo
desditoso corpo imediata e irremediavelmente “inabitável” e, para minha desgraça
total, enviando-me instantaneamente de volta ao estado de inconsciente e
longuíssima espera por uma nova e totalmente imprevisível reencarnação. Estragando
assim, completamente, por um simples, puro e irracional impulso humano de
inexplicável terror e asco, a enormemente remota probabilidade de um tão almejado e praticamente impossível reencontro.
A filha adolescente acorreu apressada:
- Mãe, o que foi esse barulho todo?
- Essa barata nojenta que apareceu voando por aqui e que eu felizmente acabei de matar. Joga essa nojenta no lixo, minha querida. Por favor!”
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