Laís Viegas de Valenzuela

Resposta a uma pergunta

outubro 30, 2023 | by ipsislitteris.com

Você pede que eu opine sobre o que os estrangeiros opinam sobre o Bolsonaro. Dos estrangeiros, eu não sei. Só sei que eu, sem ser petista nem feminista, enfim sem possuir nenhum rótulo político-partidário, ainda estou esperando para ver o que nos acontece (assim como “pagando pra ver”), Acho que ele (o Michel Bolsonaro) ainda (até quando?) mete muito os pés pelas mãos e faz muitas doidices e inconveniências. E, como não tem muita ideia do que é política (nem eu), não sabe o que é governar (e menos um país do tamanho do nosso, com as complexidades, as diversidades culturais e as necessidades próprias dessa dimensão: é uma barra difícil).

Agora, eu quero que o Brasil “dê certo”. Não posso admitir uma desigualdade do tamanho da que a gente tem no Brasil; pelo bem do país, eu sonho com uma ao menos “aproximação” de igualdade da população, porque um país onde todos sejam iguais acho mesmo que é uma utopia. Mas, me corta o coração ver a profunda pobreza em que uma grande parte do nosso povo está mergulhado: não ter nem o que comer, nem uns trapinhos pra vestir, nem alguma coisa que lhes proteja os pés, nem um teto para cobrir suas cabeças, é demais. Nem precisa ser teto próprio, não. Eu nunca tive casa própria, e estou aqui, saudável e ativa. (Outro dia vi uma foto que me deu vontade de chorar: uma família de 5 pessoas morando dentro de um tubo desses enormes para conduzir água, com umas carinhas de fazer dó). Mas, uma proteção para o corpo e a cabeça, um lugarzinho pra chamar de “minha casa”, algum bocado para enganar a fome são coisas mínimas para satisfazer as necessidades materiais e biológicas.

E o pior de tudo é que essa fome acontece num país de tanta abundância como o nosso, cujas safras de grãos (soja, milho e feijão, acho) e outros alimentos excedem a cada ano as anteriores; uma nação que tem o maior rebanho bovino do planeta – você sabia que eles são mais do que nós? Quero dizer: o número de cabeças de gado bovino é maior do que a população. Que Austrália, Nova Zelândia e Holanda têm isso? E a vegetação? A Amazônia é o pulmão do mundo!!! (agora, já estão querendo desmentir isso).  E os nossos mares e rios, lagos e lagoas, abarrotados de peixes e mariscos, crustáceos e outras espécies? Nossos bosques estão cheios de animais de caça! Aí é uma injustiça não ter acesso a nada disso! Essa desigualdade é cruel e assassina! Enquanto isso, o outro lado (a burguesia) esbanja em coisas estupidamente supérfluas! Quanto me faz ser melhor usar um anel de 800.000 euros ou dólares? Ter mais de 100 propriedades, por mais modestas que sejam, é uma indecência, como também alguém ter um carro que custa milhões de dólares, enquanto os irmãos de pátria estão lutando pela sobrevivência biológica, por um miserável pedaço de pão, farinha e um “principesco” prato de feijão!

Confesso que não sei manejar essas coisas, só sei me entristecer pelo que vejo e pelo que sei através dos noticiários. E não é que o dinheiro tenha um valor enorme: para mim, o dinheiro não passa de um meio de pagamento; quem o tem, pode pagar pelas coisas, e quem não tem não pode adquirir nada, nem sequer comida! Mas o que me choca de verdade são as extremas diferenças entre as duas situações: uns, quase literalmente, tocam fogo nesse meio de pagamento, e outros não têm nenhuma possibilidade de que ele chegue às suas mãos…

O que eu preciso urgentemente é me curar dessa culpa, que não é minha, e ajudar, quando puder e tiver a oportunidade, sem me responsabilizar por isso, só pelo fato de ter quatro vinténs mais do que eles…      

Enfim, eu não sei responder à sua pergunta, mas então vou virar o assunto: e você, o que pode me dizer dele, e de toda essa situação?

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