Laís Viegas de Valenzuela

Volubilidade ou perfeccionismo?

novembro 17, 2023 | by ipsislitteris.com

Eu ainda nao decidi se sou volúvel demais, se sou muito exigente, muito crítica ou perfeccionista. Vou terminar descobrindo que sou todas essas coisas juntas, ou nenhuma das anteriores. Outro dia, abri meu computador, onde tenho muitas coisas escritas sem publicar. Abri um arquivo (a versão mais nova do mesmo artigo já escrita há algum tempo) e depois abri a versão mais velha. Comecei a ler os dois, um ao lado do outro. Pois não é que gostei mais do mais velho? Quero explicar: supõe-se que o mais novo vai sendo revisto e melhorado, enquanto que o mais velho é a matéria bruta, das coisas que vão saindo da minha cabeça sem nenhum polimento, do jeito que sair.  Então, parece que decidi que as formas mais espontâneas de escrever saem melhor, assim do jeito que brotam da minha cabeça, sem envernizar tanto. Que bom! Isso me poupa o trabalho de “aperfeiçoar” meus escritos, sem ter nem que pensar em que palavra deve substituir qual. Porque, além disso, eu sempre modifico o que fiz antes (ponho mais uma florzinha bordada no sapatinho da Margarida – esta é uma história antiga, que eu deixo pra contar depois). Mas voltando às minhas manias ou tiques, cacoetes etc. e outras mumunhas mais, acho que o perfeccionismo é um dos meus vários defeitos. A todo momento, invoco na memória o sapatinho da Margarida, porque as minhas ações sugerem todo o tempo essa história. Mas, o que fazer com o perfeccionismo? Acho que o meu não é tão exagerado assim: na verdade, não consigo produzir um escrito perfeito, graças a Deus!  Só faço ensaiar!  Então, por que dou tanto polimento ao que escrevo? Já é uma das manias arraigadas em mim, e dessa não consigo me livrar. Vou procurar experimentar escrever e deixar o artigo, crônica, seja o que for, do jeito que saiu, sem nenhum toque de melhoramento, nenhuma intenção de perfeição… 

Talvez os escritos “puros”, sem polimento, sem ajeitamento, sem correção, mesmo com uma manguinha mais curta do que a outra, sejam mais espontâneos, e mais autênticos, mais verdadeiros… Procurarei escrever agora sem corrigir (só mesmo o que estiver errado, não deixando só o extremamente certo), pra ver se deixo as coisas mais naturais, sem o bordadinho final, sem o adorno que traz a perfeição, pra ver se me livro dessa mania de querer fazer tudo maravilhoso, sem nem um toquezinho de defeito, mas isso é quase impossível para mim, que sofro de uma doença, se não incurável, pelo menos difícil de erradicar: o TOC, de que falam os psiquiatras. Acho que o meu não é tão patológico assim, pelo menos eu tenho consciência dele e o tomo como defeito, não como uma qualidade que me transformasse na melhor das escritoras. 

Não sei se vocês sabem o que é TOC: são as letras iniciais do que os psicólogos e psiquiatras denominam TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO.    

RELATED POSTS

View all

view all