Estou segura de ser uma pessoa privilegiada: sempre fui muito admirada, considerada e respeitada por quase todo mundo, incluídos os rapazes da minha adolescência, juventude e idade madura. Sem ser bonita, parece que eu sempre fui apreciada e até mesmo desejada. Ainda jovem, me casei, mas, depois de alguns anos, decidi me separar do meu marido, por incompatibilidade – não de gênio, mas de caráter – que não vou aqui explicar, por respeito à memória dele e às minhas cunhadas vivas. Depois de ter 4 filhas maravilhosas com ele, e depois da separação, tive outra oportunidade e me casei de novo, com um mexicano. Tive a sorte de encontrar uma pessoa maravilhosa, além de inteligente e culto, que me ama e me respeita. Graças a ele, pude trazer para o México (quase) todas as minhas filhas e o meu filho (já do meu casamento com ele) para perto de mim. A minha vida com ele implicou na nossa mudança (3 dos meus filhos e eu) para outro país: o México. Aqui, pude continuar – embora não contratada, como eu era, na Sudene (da qual pedi demissão), mas trabalhando por minha própria conta, tendo conseguido muito bons trabalhos, graças também á minha capacidade e preparo intelectual: desempenhei atividades no escritório local da OIT, fui professora particular (português) de diversos executivos de empresas privadas, ensinei também (a mesma língua) para executivos de um importante banco do país, assim como ensinei o nível avançado de português no Centro de Estudos Brasileiros (que hoje tem outro nome), tive a oportunidade de escrever dois livros de gramática portuguesa e hoje em dia sou tradutora de vários idiomas, atividade que me tem proporcionado uma boa remuneração.
Como marido, o Alberto revelou-se um ótimo par, e embora tenha um caráter forte e agressivo, me considera e me apoia em tudo que eu preciso ou quero: não apenas me dá ajuda e cuidado, me trata bem, além de propiciar-me uma ótima vida material, profissional e emocional, me dá presentes que sabe que me agradam, como dicionários, queijos, flores, livros, além de joias e outras coisas que sabe que eu gosto; me dispensa também muita ajuda, como, espontaneamente (se estamos sem empregada), põe a mesa para o café, tira cedo o queijo da geladeira, para ficar à temperatura ambiente, põe os talheres e joguinhos americanos na mesa, põe pão para torrar, suco na mesa, enxagua e coloca na máquina pratos e talheres para lavar, me apoia e até me cuida quando tenho qualquer achaque, puxa o cobertor (que às vezes ele mesmo puxou) para o meu lado da cama, quando está fazendo frio, traz o cobertor à sala de televisão, quando estamos vendo séries ou programas, e está fazendo frio, enfim, tem comigo um cuidado excepcional.
Além disso, escuta paciente e tolerantemente que eu leia para ele todos os meus escritos, ou poemas, notícias, artigos de outras pessoas, em outra língua que não é a dele. Vê, religiosamente, programas (noticiários) e novelas brasileiras e outros, como o show do Roberto Carlos e de outros artistas do meu país.
Claro que nem sempre estamos de acordo em tudo, pois somos pessoas diferentes, com ideias e desejos diferentes (e cada um é dono de uma personalidade forte), mas ele é muito educado, não me ofende com palavras, gestos ou ações grosseiras, e, muito menos, agressões físicas, que eu não poderia tolerar.
Enfim, sinto que encontrei na vida uma pessoa que me completa e me trata como um bom homem deve tratar a uma boa mulher, e – embora eu sinta muita saudade ou falta das coisas e pessoas do meu país – nunca me arrependi de ter vindo para cá e dividir a minha vida com ele, sempre mereci dele a maior consideração e respeito, e também amor, que é um sentimento que toda mulher deseja ter de parte de alguém, e da sua parte em relação a outra pessoa, como é o nosso caso! Eu também tenho por ele o maior respeito e consideração, o que também demonstra o amor que sinto por ele.
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