Laís Viegas de Valenzuela

Vontade de viver

maio 21, 2024 | by ipsislitteris.com

O que é que eu ia dizer agora? Já nem sei, mas sei que era alguma coisa sobre a estada de minhas filhas Renata e Andréa aqui, na Cidade do México, e na minha casa. Elas já vão embora amanhã, e vão me deixar muita saudade, mas também aproveitei bastante essa temporada delas aqui: ontem saímos a um Centro Comercial, onde compramos algumas besteirinhas que nos faltavam, mas bom mesmo foi o passeio em companhia delas. Almoçamos juntas as 4 (a minha filha Cláudia, que é a única dos meus filhos que mora aqui, também foi). Elas são ótimas comigo, me dispensam muito cuidado, embora eu não esteja ainda numa situação que precisa tanto ser cuidada. Uma delas até me ajudou a organizar e elaborar uma das minhas traduções, me ajudou com o meu blogue, tentando (nós duas) encontrar a página de comentários – apesar de não termos encontrado – me ajudou também a colocar imagens alusivas a cada uma das minhas publicações, entre outras coisas.  A outra, embora não saiba tanto de computação, me ajuda fazendo bolos, por exemplo, para um almoço que tivemos há uns três dias na nossa casa.

Engraçado, agora me ocorreu que a gente talvez precise de um pouco de tristeza e infelicidade, para poder buscar inspiração para escrever. Como eu quase sempre estou feliz, não me surgem tantas ideias nem frases para colocar no papel. Agora, que as minhas filhas acabam de ir embora, eu acho que encontrei um pouco dessa tristeza, com a saudade delas, para alimentar o meu espírito, abrindo nele a verve literária necessária para escrever.

Foram uns dias ótimos com elas, até as saídas bobas para ir a centros comerciais comprar alguma coisa, de que há muito eu estava meio desprendida; inspirei-me para comprar só roupa íntima, assim como um batom, para alimentar a beleza.  Gosto de me arrumar, mesmo na avançada idade em que estou, gosto de me sentir mais atraente para o meu marido e para mim mesma: passar um batonzinho, um pouco de blush, lápis nas sobrancelhas que o tempo insiste em apagar, e uma sombra discreta, tudo marrom, sem muita luminosidade e cor vibrante; de qualquer maneira, melhora um rosto meio sem vida e pouco colorido.

Acho que vou me pintar até quando não puder mais, porque gosto de ver mulheres pintadas, e ouço ou leio comentários masculinos que sabem apreciar uma mulher bem cuidada e elegante, não importa muito a idade. E, quem não gosta de ser admirada, despertar um olhar de aprovação de outras pessoas, ainda que desconhecidas? Talvez a vaidade seja uma característica que nunca desaparece em uma mulher, a menos que ela já esteja sem vontade de viver, sem vontade de se arrumar para o próprio marido, para si mesmo e para outras pessoas. Eu ainda sinto em mim essa vaidade (e acho que sei me ajeitar a um ponto razoável, sem chegar a ficar ridícula, nem parecendo piranha, como algumas mulheres que vejo, às vezes).

Não sei se a vinda das minhas filhas despertou em mim esse sentimento, mas talvez até que não: eu já tinha essa forma de pensar, vivendo só com o meu marido: de me arrumar para ele e para mim mesma.

Francamente, acho que toda mulher devia ajeitar-se um pouco, ainda que fosse só para o espelho dela, que lhe responde e às vezes aplaude. Isso nem é tanta vaidade! Mas, se for, qual é o problema de sentir-se rejuvenescida, não importa se tem 40, 60 ou 80 anos. Acho que isso se chama vontade de viver!  

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